terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Retroceda.

Eu não sei mais o que é necessário agora. Pra fazer mudar, voltar. Retroceder aquele instante, onde por uma súbita onda de imperfeição, tudo se foi. Eu gostaria de te dizer tanta, tanta coisa antes de ir. De irmos. Você não permitiu.
Eu te amava, você sabia. E te queria, protegia. Você sentia.
Tínhamos, e creio que ainda temos, aquela ligação dos loucos amantes, que se enfurecem, que se afugentam em lembranças, que vagamente, nos levam em outro lugar, com outras coisas, e outras pessoas...
Só que não sabemos que nesse drama todo de lembrar, tudo piora. Aperta, sufoca, e certamente, algumas coisas não são fáceis de controlar.
Queria eu, viver em torno de mim, sem saber se vou ou se fico, mas na vã esperança de que você não ia embora.
Porém, nos enganamos com tudo. E o que achávamos que era certo, depois de um tempo, passa a não ser. Eu não posso te pedir pra ficar, mesmo querendo, implorando. Voltei a rezar, e ó Deus, to fazendo tudo certinho dessa vez, pode me dar agora o que eu to pedindo? É rápido, não vai levar muito tempo, eu prometo. Amém.
Parece que nos acostumamos com isso, e diante de uma luta imensa que estaria apenas começando, desistimos. Não por não querer, sim, por covardia. Procuramos desculpas, palavras que nos façam ficar menos desiludidos de tudo, e nos consolamos com o ‘vai passar’, ‘quem sabe um dia’ e ‘poderemos ser’. Meu Deus, não era pra ser assim. O plano não era esse.
E agora, tornamo-nos isso, essa completa perdição, e o que me resta é esperar pelo que está completamente e insanamente, desesperado.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Devaneios.

Você está com tanto medo. Dá pra ver nos seus olhos, menina. O que fizeram contigo? Quem conseguiu te machucar tão fundo assim a ponto de não conseguir sentir mais nada? E esse vazio, menina? Tiraram tudo que te fazia sorrir.
Eu sei a vida é difícil por demais. Muitas vezes, mesmo que você tente, as coisas não acontecem como deveriam. Como poderiam ser. Ou como você gostaria que acontecesse. Mas menina, o que tá acontecendo contigo? Por que esses olhos? Me diz.
A gente deveria sumir, fugir. O que acha? Talvez fugir seja o caminho que os fracos, como nós, conseguem encontrar para não assumir essa vulnerabilidade tão presente. E você está perdida menina. Eu também.
Nossas mãos tão cansadas, doloridas, cheias de espinhos. Espinhos que cortam violentamente, que fazem sangrar. Não, eu não posso te tocar menina. Se eu te tocar, te firo.

- Mas vem, vem que talvez agora tudo possa mudar.
- Eu sei menina, sei que o sol hoje pode ficar encoberto de nuvens negras
- Só que por mais que possamos tentar nada disso vai valer à pena.
- Mas hoje, eu te prometo menina, hoje eu te dou o céu.