domingo, 24 de abril de 2011

Éramos.

E não tem um dia que não me pergunte como chegamos a esse ponto.

Meu Deus, como podemos nos abandonar nesse tempo? Perder-nos diante da estrada a qual seguíamos nas pontas dos dedos para não ferir os pés? Desistir de sonhos, lembranças, situações? Tudo isso que nos era tão essencial, agora é empurrado para o lado, para fora, arrancado sem querer da alma já ferida. Isso me leva pra baixo, me faz ter medo, e quando chega à noite, e se o peito rasga em dor, é pelo seu nome que grito. É por você que peço, e você nunca vem. Por-que-não-vem-por-que-não-vem, por que não larga tudo e simplesmente vem?

Não precisa trazer nada, nem dizer nada. A sua presença já me basta, diante de toda loucura, insanidade e fúria que ronda a minha cabeça, deixando borrões em meus pensamentos. E como é doloroso, te ver, falar com você, e fingir ter uma indiferença que é inexistente, fazendo você acreditar que é passado na minha vida quando eu sei que é presente. E poderia ser futuro, não é?

Talvez se tivéssemos nos esforçado mais, ultrapassado ainda mais nossos orgulhos, nossas manias, e todas as ervas daninhas que teimavam em crescer diante dos nossos calcanhares, talvez poderíamos ter sido. Ou não. Ao final de tudo, e mesmo sem querer admitir o que me salta aos olhos machucando-os, vejo com uma clareza cortante que é preciso ter coragem pra abandonar causas perdidas e há muito desgastadas. Necessário ter valentia pra não se dobrar inteiro diante da desistência, do sabor amargo da lágrima de não ter dado certo. Era pra dar. Era pra ser. Era pra continuar. Era pra permanecer.

Era, era... E não foi.

sábado, 9 de abril de 2011

Sozinho.

Procuramos uma pureza impossível, algo nunca visto, algo diferente de tudo. Na imensa carência humana por afeto, busca-se em outras pessoas o que você não encontra em si. Fica-se tão preocupado em estar sozinho, em conviver com você mesmo por um longo período de tempo, que a possibilidade de não ter ninguém preenchendo o coração, perturba. Assustador estar abandonado, diante de seus defeitos, estampando nos olhos a ausência de algo bom, escorrendo pelo rosto toda a solidão e angustia de se olhar no espelho, e... Se ver. Simplesmente se ver, reflexo doloroso, não?!

Problema do ser humano é isso, ter medo de conviver entre suas inúmeras lacunas de defeitos e qualidades, percepções, sensibilidade. Medo de dizer, de escutar, agir, sair de toda a comodidade que agora lhe parece adequada; Vem aqui, me diz, de que tem tanto medo? De que foge tanto? Não, não, não.

Aprenda coração, pare de bater pelos outros e aprenda a bater por si. Tire essa capa escura que veste, e pegue aquela colorida ali no canto: o mundo pode ser lindo, apesar de dores, há momentos magníficos. E são raríssimos.