quarta-feira, 21 de setembro de 2011
Espinho.
terça-feira, 12 de julho de 2011
Leve.
segunda-feira, 11 de julho de 2011
Busca.
Ela estava cansada. Não um cansaço comum, normal das pessoas que se cansam por um dia de trabalho qualquer. Era maior, um cansaço que nasce das entranhas, que surge do vazio do peito e, ao mesmo tempo, inventa-se em um som sem ritmo que o coração faz, lhe invadindo sem pedir permissão de sentir.
Ela se doía, se concentrava em outras coisas, olhava outras histórias, mas aquilo que a aniquilara até então e a sufocara, continuava presente. Não ia embora, nunca iria. Ela desiste. Entrega-se gritando urgentemente e pedindo pelo corpo de outra pessoa. Precisa do afago e do carinho que ela não consegue se oferecer. Já tentou por si só tantas vezes curar suas feridas sem êxito. Cansou de buscar em si a solução para seus problemas e foi então buscá-lo em alguém. Não preciso dizer, foi seu pior erro, pois agora doía mais. Mas como ela saberia que na sua ânsia de buscar o que não encontrou em si, residia a angústia e a dor da queda? Logicamente, nessa busca por cuidado, ela se feriu. Endurecia cada dia mais com os tapas e empurrões que levava, das vezes que buscava o abraço e encontrava apenas braços sem vida, gelados. E esse alguém não poderia saber, nem nunca saberia, o quanto lhe machucava o vazio de estar sozinha a dois.
Ela se descontrolava, dizia para esse alguém que não queria desistir, insistia estupidamente por sentir algo tão grande e maior que ela mesma. Gritava muito, só que dessa vez, gritava implorando por um amor que não lhe pertencia. Não lhe escutaram. Fingiram entender, perdendo-a como areia que com o bater do vento se dissipa.
De tanto pedir, ficou exausta. De tanta exaustão, desmoronou.
Não conseguia mais vivenciar aquilo e falhou. Simplesmente falhou, como em tantas outras vezes. Era um pássaro, que cedo demais tentou voar e caiu bobo no chão.
domingo, 24 de abril de 2011
Éramos.
E não tem um dia que não me pergunte como chegamos a esse ponto.
Meu Deus, como podemos nos abandonar nesse tempo? Perder-nos diante da estrada a qual seguíamos nas pontas dos dedos para não ferir os pés? Desistir de sonhos, lembranças, situações? Tudo isso que nos era tão essencial, agora é empurrado para o lado, para fora, arrancado sem querer da alma já ferida. Isso me leva pra baixo, me faz ter medo, e quando chega à noite, e se o peito rasga em dor, é pelo seu nome que grito. É por você que peço, e você nunca vem. Por-que-não-vem-por-que-não-vem, por que não larga tudo e simplesmente vem?
Não precisa trazer nada, nem dizer nada. A sua presença já me basta, diante de toda loucura, insanidade e fúria que ronda a minha cabeça, deixando borrões em meus pensamentos. E como é doloroso, te ver, falar com você, e fingir ter uma indiferença que é inexistente, fazendo você acreditar que é passado na minha vida quando eu sei que é presente. E poderia ser futuro, não é?
Talvez se tivéssemos nos esforçado mais, ultrapassado ainda mais nossos orgulhos, nossas manias, e todas as ervas daninhas que teimavam em crescer diante dos nossos calcanhares, talvez poderíamos ter sido. Ou não. Ao final de tudo, e mesmo sem querer admitir o que me salta aos olhos machucando-os, vejo com uma clareza cortante que é preciso ter coragem pra abandonar causas perdidas e há muito desgastadas. Necessário ter valentia pra não se dobrar inteiro diante da desistência, do sabor amargo da lágrima de não ter dado certo. Era pra dar. Era pra ser. Era pra continuar. Era pra permanecer.
Era, era... E não foi.
sábado, 9 de abril de 2011
Sozinho.
Procuramos uma pureza impossível, algo nunca visto, algo diferente de tudo. Na imensa carência humana por afeto, busca-se em outras pessoas o que você não encontra em si. Fica-se tão preocupado em estar sozinho, em conviver com você mesmo por um longo período de tempo, que a possibilidade de não ter ninguém preenchendo o coração, perturba. Assustador estar abandonado, diante de seus defeitos, estampando nos olhos a ausência de algo bom, escorrendo pelo rosto toda a solidão e angustia de se olhar no espelho, e... Se ver. Simplesmente se ver, reflexo doloroso, não?!
Problema do ser humano é isso, ter medo de conviver entre suas inúmeras lacunas de defeitos e qualidades, percepções, sensibilidade. Medo de dizer, de escutar, agir, sair de toda a comodidade que agora lhe parece adequada; Vem aqui, me diz, de que tem tanto medo? De que foge tanto? Não, não, não.
Aprenda coração, pare de bater pelos outros e aprenda a bater por si. Tire essa capa escura que veste, e pegue aquela colorida ali no canto: o mundo pode ser lindo, apesar de dores, há momentos magníficos. E são raríssimos.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
Fé.
Fé na vida, nas coisas, nas pessoas. Fé em todo um mundo que mesmo não tendo fé em mim, insiste em me provar.
Fé que amanhã o sol vai acordar lindo e brilhando pela janela do meu quarto, invadindo tudo, aquecendo tudo que é frio.
Que tudo isso que hoje está nos assustando, irá ser motivo de risos e piadas sem graça, em um diálogo bobo e tão nosso, enquanto tomamos nosso vinho preferido...
Eu preciso acreditar que ao abrir os olhos algo melhor vai acontecer, eu tenho isso que se chama de Es-pe-ran-ça. Com E maiúsculo mesmo. Não aquela ilusão ou qualquer coisa utópica, que nos cega. Mas a certeza de que tudo que está hoje bagunçado irá arrumar, que é preciso estar por baixo na vida algumas vezes pra dar mais valor que quando se está em cima. Certeza que tudo vai ficar mais claro, mais limpo, mais leve, entende?
A gente demora a perceber que certos caminhos são simples, não tem complicação.
Não é preciso chorar agora, sofrer, morrer, esperar, quase impossível.
Eu te tenho, e você me tem. É simples, não?