sábado, 6 de novembro de 2010

Diz que não dói.


Depois de tudo, eu quero que encoste sua mão em mim e sinta aqui.

Pousa seus dedos frios no meu peito e diz que sente algo bater, por favor. Porque eu, antigamente, tinha tanto sentimento... Tanto! E hoje simplesmente há esse vazio, essa falta que nada preenche e ninguém entende. E eu lhe digo, meu caro, agora é tão difícil estar só comigo... Porque antes, eu tinha a presença de alguém aqui dentro, me refugiava e me escondia nisso, não precisava me encontrar com meu verdadeiro eu. Acho que sempre evitei esse encontro. Aliás, acho não, passo a ter certeza agora.

Essa vã certeza dos desvairados e solitários que se perdem em seu próprio caminho.

Porém, agora na minha presença inevitável, me assusto, tenho medo, por não saber como fazer e o que fazer com essa única pessoa que aqui reside. Tenho pavor dela. Tenho pavor de mim. Consegue ver?

Vem aqui vai, bate no meu peito, porque eu preciso sentir essa dor da normalidade ao ser tocada na carne. Quero ter ainda essa pulsação viva que todos têm. Porque se doer em você, é sinal de que tudo já se transformou em ferro, aço, e que dentro de mim nada mais há. Vou ter que conviver com essa dureza do meu ser, do meu peito, da minha vida inteirinha. Essa dureza de mim. E essa dor, que vou provocar nos outros... O que é o pior de mim. Sempre foi. E vai continuar sendo.

Então te peço aqui: por favor, só não diga que doeu em você.

Mesmo que seja mentira. Mesmo que seja verdade.

Porque só isso me basta agora.

2 comentários:

  1. Quando o vazio assusta, ele ainda está longe. Porque se ele se chega a instalar, já nada mais conta. Nem as palavras...
    Vá, sente a minha mão?

    beijo :)

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