quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ela.


Ela era extremamente sarcástica. Não tinha medos, sabe? É do tipo que não se encontra por aí, e que todo mundo admira-negativamente-ou-positivamente, não sei, mas que ninguém compreende. Tinha olhos negros. Daqueles escuros, que guardam algo que bem, não se decifra. Tão escuros que na imensidão daquela escuridão, a gente se perdia. Não dava pra ter qualquer luz. Não se via nada. Era compulsivamente-individualista, porque ela tinha algo, algo assim que mostrava que antes fora diferente... Era um enigma. Porque quando se acostuma ao normal, o incomum assusta. E era nítido, ela era perdida. Mas quando queria, se encontrava. Ou não. Algo aconteceu, entende, alguma coisa, e ela mudou. Ela nunca, nunca abria a boca para falar, e nunca falava. Talvez fosse por falta do que dizer, ou, porque se começasse não terminaria. A questão é que ela simplesmente era diferente de todo o resto. Não pertencia a esse lugar, ela não deveria nem estar aqui. Porque era superior. Porque sabia de tudo que acontecia ao seu redor, ela sempre, sempre sabia. Na sua presença toda perturbada de quem ignora agora qualquer tipo de fulgor, se afastavam por não saber como agir perante ao frio, quanto todo mundo só conhece o quente. E de tão frio, acredite, ela queimava.

E, no seu silêncio en-sur-de-ce-dor todo o resto, o resto todo, se calava também.

3 comentários:

  1. Ela é demais, foge aos padrões e é linda!

    Abraços!

    F.

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  2. A diferença é que ela era especial demais...

    beijocas florzinha

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  3. "Daqueles escuros, que guardam algo que bem, não se decifra."

    Texto incrível!
    Beijos.

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