domingo, 12 de setembro de 2010

Evito.


Olha, eu preciso lhe dizer rápido, antes que o tempo cesse e eu não possa mais falar. Você tem atingindo um ponto importante meu. Eu não sei bem como dizer-te. Mas preciso, necessito tanto te falar. É, eu sei, eu sei. Já disse isso várias vezes também, mas dessa vez é totalmente diferente. Olha, não gosto de exposições, você sabe. Mas é que você está dentro de mim e cresce como uma fruta que amadurece e se torna cada segundo mais doce, e depois, depois apodrece, perdendo o cheiro, o sabor, caindo no chão. Você tem tomado minhas noites, tem roubado meus pensamentos, e eu preciso dizer-te que quero que as devolva. Quero que devolva meu sono, minhas memórias, quero que devolva o que sou e o que fui. Quero voltar àqueles dias de bebedeira regados a Marlboro, fumando até atingir o filtro, apagando o cigarro na mesa. E apagando-me também, ao mesmo tempo. Ironicamente. Sei, estou sendo mais uma vez egoísta, mas você consegue ver o que está acontecendo, meu amor? Estamos por demais nos entregando, e quando maior a entrega, maior o risco a correr. E eu não posso correr outro risco igual, meu bem, eu já corri demais. Demais. E correr demais, no final dá um cansaço. Tem que parar. Antes que eu, como fruta podre, caia direto ao chão. Sem gosto, nem odor. Ta tudo bem, de qualquer forma, sem dor, sem dor...

Um comentário:

  1. É incrível como consigo identificar-me com cada texto seu. É como se a natureza dentro de mim se explodisse a cada linha que você escreve.

    Gostei muito do seu texto. E obrigada pela visita. :)

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