E em dias de chuva como estes ficam mais fortes os choros e gritos, e tão presente a ausência deste tudo!
Porque quando se quer muito algo, não importa como, o que deveria ser pouco para os demais é tanto pra que tem a necessidade...
Conforma-se com o que tem, deixa de buscar, porque parece que a mão não alcança o que só os olhos conseguem ver, desiste. Ela, ela mesma, que não sabia bem como agir, que não entendia e fingia não se importar, meu Deus, era a que mais sentia. Estava no ar, sabe? Nos olhos, na boca, no cheiro, no gosto, no corpo inteiro. Estava na alma, naquela alma cheia de dramas e coisa e tal. Naquele ar de terra de molhada, de vento seco, dia nublado. Céu sem cor. Eram naqueles dias que ela se encontrava, e nas cobertas, ela pensava, patética. Vestia-se, fantasiava-se, tentava persuadir, enganar, manipular. Ela se cobria inteira da personagem que criara. Proteção.
Abria os olhos e pensava. Lia, escrevia, fazia qualquer coisa para que parasse tudo isso, para que de alguma forma se encontrasse. Ela nunca entenderia. Ela nunca entendia, e isso é a angústia: que ninguém nunca se encontra. As pessoas sempre se enganam nesse quesito. É inegável admito, eu, como observadora desse circo digo, o amor vem como um palhaço, totalmente maquiado, doce no começo. Depois do show de belas sensações, se retira do palco e revela-se comum, nada mais é que um desolado, triste e velho, cansado, e ao tirar a maquiagem, pobrezinho, deita e sonha. Doloroso são aqueles cansados e mortos que continuam com doces ilusões. Frágeis aqueles, perdidos e desvairados, que sonham um dia encontrar-se em corpos alheios, quando nunca, sequer, encontraram-se dentro de si.
Texto à la Cecília Meireles.
ResponderExcluirA chuva nos trás junto com suas gotas, maior sensibilidade, deveríamos aproveitar momentos raros como esses para nos encontrar, ou pelo menos, tentar nos entender com nossas angústias!
ResponderExcluirLindo texto!