segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Todos desolados e pobres enfim.


E em dias de chuva como estes ficam mais fortes os choros e gritos, e tão presente a ausência deste tudo!

Porque quando se quer muito algo, não importa como, o que deveria ser pouco para os demais é tanto pra que tem a necessidade...

Conforma-se com o que tem, deixa de buscar, porque parece que a mão não alcança o que só os olhos conseguem ver, desiste. Ela, ela mesma, que não sabia bem como agir, que não entendia e fingia não se importar, meu Deus, era a que mais sentia. Estava no ar, sabe? Nos olhos, na boca, no cheiro, no gosto, no corpo inteiro. Estava na alma, naquela alma cheia de dramas e coisa e tal. Naquele ar de terra de molhada, de vento seco, dia nublado. Céu sem cor. Eram naqueles dias que ela se encontrava, e nas cobertas, ela pensava, patética. Vestia-se, fantasiava-se, tentava persuadir, enganar, manipular. Ela se cobria inteira da personagem que criara. Proteção.

Abria os olhos e pensava. Lia, escrevia, fazia qualquer coisa para que parasse tudo isso, para que de alguma forma se encontrasse. Ela nunca entenderia. Ela nunca entendia, e isso é a angústia: que ninguém nunca se encontra. As pessoas sempre se enganam nesse quesito. É inegável admito, eu, como observadora desse circo digo, o amor vem como um palhaço, totalmente maquiado, doce no começo. Depois do show de belas sensações, se retira do palco e revela-se comum, nada mais é que um desolado, triste e velho, cansado, e ao tirar a maquiagem, pobrezinho, deita e sonha. Doloroso são aqueles cansados e mortos que continuam com doces ilusões. Frágeis aqueles, perdidos e desvairados, que sonham um dia encontrar-se em corpos alheios, quando nunca, sequer, encontraram-se dentro de si.

2 comentários:

  1. A chuva nos trás junto com suas gotas, maior sensibilidade, deveríamos aproveitar momentos raros como esses para nos encontrar, ou pelo menos, tentar nos entender com nossas angústias!

    Lindo texto!

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